No próximo dia 15 estará em votação na Venezuela o referendo que possibilita de reeleição ilimitada dos cargos de escolha popular. Referendo esse que está servindo como base para as críticas da oposição, que acusam seu governo de ditatorial. De certa forma, criou-se uma mística sobre as lideranças na América, que evidencia a existência de dois grandes blocos, o democrático (modelo norte-americano) e o ditatorial (modelo venezuelano), ainda que as pesquisas apontem um grande avanço social na Venezuela nessa última década. Mas acho importante refletirmos sobre alguns poucos aspectos centrais das duas políticas, para avaliarmos melhor os discursos adotados.
Partimos do pressuposto de que na Venezuela a população não participa das decisões tomadas pelo governo, porém, quando vemos as principais mudanças do governo, por exemplo a reforma constitucional, essas foram feitas através de referendo, ou seja, voto popular; já no Brasil, os últimos referendos foram sobre a comercialização de armas (2005) e para legitimar um governo monárquico (1993).
Outro aspecto apontado pela mídia em geral é a repressão aos partidos de oposição, quando na verdade, 44% do território venezuelano é controlado por partidos opositores ao PSU (partido de Chávez), eleitos pelo voto popular. Agora, se compararmos com o modelo norte-americano, defendido por muitos como o mais democrático, notamos a existência de um bipartidarismo (Republicanos e Democratas), que na verdade, ideologicamente não são muito diferentes, enquanto partidos ideologicamente contrários (esquerda), nem mesmo tem a oportunidade de participarem das eleições por falta de apoio. Curiosamente, também encontramos o bipartidarismo na história brasileira, mais precisamente na ditadura militar, em que os partidos ARENA e MDB coexistiam.
É importante lembrarmos que tudo que absorvemos foi escrito por alguém, e assim carrega uma forma particular de pensar que sempre devemos questionar.
Texto publicado dia 13/02/2009 no jornal Correio do Povo
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Povo do Sol
Bom, na tentativa de manter meu blog atualizado, estou postando um texto que, particularmente, achei comovente.
Foi feito por Mumia Abu-Jamal, negro, norte-americano, que na sua juventude integrou os "Panteras Negras". Hoje está preso, e há anos está no corredor da morte, porém, devido a falhas da promotoria na apresentação de provas, o caso permanece em aberto.
O texto fala dos zapatistas, grupo "rebelde" do sul do México (Chiapas) que luta pela reforma agrária e por melhores condições dos indígenas naquele país.
"Posso falar? Possso falar de nossos mortos? Depois de tudo, são eles quem fizeram possível. Alguém pode me dizer por que estamos e eles não estão? Isso é permitido? Eu tenho um irmão morto. Há alguem entre vocês que não tenha um irmão morto? Eu tenho um irmão morto! Foi morto por uma bala na cabeça, foi antes do amanhecer de primeiro de janeiro de 1994, muito antes do amanhecer a bala que dispararam, muito antes do amanhecer, a morte que beijou a frente do meu irmão. Meu irmão costumava rir muito mas agora ele não ri mais. Eu não pude manter meu irmão dentro do meu bolso mas pude guardar a bala que o matou, outro dia antes do amanhecer eu perguntei de onde tinha vindo a bala? E me disseram que do fuzil de um soldado do governo, de uma pessoa poderosa, que servia a outra pessoa poderosa, que servia a outra pessoa poderosa que servia a outra pessoa poderosa em todos os lugares do mundo, a bala que matou meu irmão não tinha nacionalidade. A luta que temos que travar pra manter nossos irmão juntos a nos ao invés de manter as balas que os matam tambem não tem nacionalidade. Por isso nos os Zapatistas temos muitos bolsos grandes nos uniformes,não para guardar balas,mas para guardar irmãos."
Mumia Abu Jamal
Foi feito por Mumia Abu-Jamal, negro, norte-americano, que na sua juventude integrou os "Panteras Negras". Hoje está preso, e há anos está no corredor da morte, porém, devido a falhas da promotoria na apresentação de provas, o caso permanece em aberto.
O texto fala dos zapatistas, grupo "rebelde" do sul do México (Chiapas) que luta pela reforma agrária e por melhores condições dos indígenas naquele país.
"Posso falar? Possso falar de nossos mortos? Depois de tudo, são eles quem fizeram possível. Alguém pode me dizer por que estamos e eles não estão? Isso é permitido? Eu tenho um irmão morto. Há alguem entre vocês que não tenha um irmão morto? Eu tenho um irmão morto! Foi morto por uma bala na cabeça, foi antes do amanhecer de primeiro de janeiro de 1994, muito antes do amanhecer a bala que dispararam, muito antes do amanhecer, a morte que beijou a frente do meu irmão. Meu irmão costumava rir muito mas agora ele não ri mais. Eu não pude manter meu irmão dentro do meu bolso mas pude guardar a bala que o matou, outro dia antes do amanhecer eu perguntei de onde tinha vindo a bala? E me disseram que do fuzil de um soldado do governo, de uma pessoa poderosa, que servia a outra pessoa poderosa, que servia a outra pessoa poderosa que servia a outra pessoa poderosa em todos os lugares do mundo, a bala que matou meu irmão não tinha nacionalidade. A luta que temos que travar pra manter nossos irmão juntos a nos ao invés de manter as balas que os matam tambem não tem nacionalidade. Por isso nos os Zapatistas temos muitos bolsos grandes nos uniformes,não para guardar balas,mas para guardar irmãos."
Mumia Abu Jamal
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domingo, 8 de fevereiro de 2009
Libertas Quae Sera Tamen
Bom, atendendo a pedidos de uma amiga (e acredito que a única leitora desse meu modesto blog), tentarei publicar textos menores, talvez mais reflexivos e menos expositivos.
Espero que gostem ;)
Não é em vão que o título de hoje é a mesma inscrição que está na bandeira de Minas Gerais, e que foi usado como "slogan" da conjuração mineira ou inconfidência mineira.
A forma mais adequada que podemos traduzir essa frase seria algo como "Liberdade, mesmo que tardia" em oposição à tendência natural de traduzirmos ela como "Liberte, que será também" (afinal, alguns inconfidentes eram escravocratas e não tinham muito interesse em libertar todo mundo, não!).
A constituição defende que a nossa liberdade, conceito que construímos diariamente, é inalienável, todo cidadão brasileiro tem o direito de tê-la! Sabemos que a realidade não é essa, mas ainda assim, essa realidade não me choca tanto, quanto algo que recentimente reparei, a capitalização da liberdade.
Um exemplo máximo é o BBB, sim, o Big Brother Brasil.
Brasileiros de todo o país se inscrevem voluntáriamente para passar meses confinados em uma casa, sem ter contato com seus parentes, nem amigos; e tudo isso por qual motivo? Dinheiro, bufunfa, verdinha. Nossa sociedade corrupta e inescrupulosa foi capaz de trocarmos nossa liberdade por dinheiro.
Pode parecer exagero, mas não se limite apenas ao BBB, apenas o uso como exemplo, porque você, telespectador, está ajudando a alimentar esse círculo vicioso. E assim, nosso conceito de liberdade, que é diariamente construído (ou seja, mutável), ao invés de evoluir a algo filosoficamente inato, está se tornando uma condição social, que nem todos conseguem ter.
As grandes corporações agradecem!
Espero que gostem ;)
Não é em vão que o título de hoje é a mesma inscrição que está na bandeira de Minas Gerais, e que foi usado como "slogan" da conjuração mineira ou inconfidência mineira.
A forma mais adequada que podemos traduzir essa frase seria algo como "Liberdade, mesmo que tardia" em oposição à tendência natural de traduzirmos ela como "Liberte, que será também" (afinal, alguns inconfidentes eram escravocratas e não tinham muito interesse em libertar todo mundo, não!).
A constituição defende que a nossa liberdade, conceito que construímos diariamente, é inalienável, todo cidadão brasileiro tem o direito de tê-la! Sabemos que a realidade não é essa, mas ainda assim, essa realidade não me choca tanto, quanto algo que recentimente reparei, a capitalização da liberdade.
Um exemplo máximo é o BBB, sim, o Big Brother Brasil.
Brasileiros de todo o país se inscrevem voluntáriamente para passar meses confinados em uma casa, sem ter contato com seus parentes, nem amigos; e tudo isso por qual motivo? Dinheiro, bufunfa, verdinha. Nossa sociedade corrupta e inescrupulosa foi capaz de trocarmos nossa liberdade por dinheiro.
Pode parecer exagero, mas não se limite apenas ao BBB, apenas o uso como exemplo, porque você, telespectador, está ajudando a alimentar esse círculo vicioso. E assim, nosso conceito de liberdade, que é diariamente construído (ou seja, mutável), ao invés de evoluir a algo filosoficamente inato, está se tornando uma condição social, que nem todos conseguem ter.
As grandes corporações agradecem!
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Meu sangue latino
Boa noite para todos os poucos que aqui visitam.
Aqui estou, dois dias após a comemoração dos 10 anos de Hugo Chavez à frente da Venezuela, para comentar um pouco sobre essa nova "organização política" que está se estabelecendo na América.
Não tenho dúvidas de que a "Obamania", ou seja lá como chamam, foi exagerada. Muitos comemoram as iniciativas tomadas por ele nesse início de ano, como a fechamento de Guantanamo e o fim da tortura nos presídios, que não foi mais do que corrigir o que o Bush não teve coragem de fazer. A igualdade salarial eu acredito que tenha sido a questão mais delicada, não por estar dizendo que negros, chicanos e mulheres com a mesma escolaridade devem receber o mesmo que um homem nascido lá, mas sim, porque Cuba já adota isso há anos (desde o início da revolução, déc. 50) e somente agora um governo foi capaz de admitir e adotar medidas socialistas (por sinal, medida que sempre foi criticada por liberais). Também dizem ser uma revolução um negro estar no poder da maior nação do mundo; mas é está sendo mais importante para o Quênia ter um representante internacional, do que para o problema da segregação nos EUA. Afinal, o Obama nada mais é do que um negro rico, que se formou em universidades caras. Ainda assim, ele não apresentou nenhuma inovação, nada que rompa com a classica política americana. Mas talvez eu esteja sendo injusto, talvez ele esteja apenas querendo amenizar a crise para começar as grandes mudanças, mas ainda é cedo para dizer.
Porém (aproveitando o tema), toda essa crise colocou em evidência, de forma muito clara para mim, para quem o Estado trabalha. Não é para o povo, como deveria ser em uma democracia, mas para as corporações, aquelas que trazem dinheiro.
Veja bem, lá existem, segundo estimativas, 37 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza, ou seja, menos que $1 por dia. Ainda assim, o governo é capaz de gastar 700 bilhões de dólares (mais um outro pacote que está para ser aprovado) para salvar as grandes corporações, para que ninguém pare de consumir. 700 bilhões, se fosse repartido para cara uma dessas pessoas que miseráveis (-1 dólar/dia), elas ganhariam em torno de $18.918,00.
Você se pergunta agora: Aonde esse retardado quer chegar com isso? Quero apenas expôr um fato, o principal dentro da construção de um Estado, para quem ele serve.
Gosto de diariamente olhar as manchetes dos sites de notícia, um pouco de cada, para acompanhar as várias visões. E é notável as diferenças existentes entre a mesma notícia em cada site. Recentimente, o nome mais falado é Hugo Chavez ou Chavismo.
Hugo Chavez vem assumindo o papel de principal representante do socialismo dentro da América Latina, ao lado de Evo Morales; após o afastamento de Fidel, muitos críticos acreditam que o socialismo em Cuba esteja com os dias contados. Longe de entrar nos méritos da discussão marxista sobre o socialismo e comunismo, é importante analisarmos as políticas adotadas pelos países ditos socialistas. Esse termo, após a guerra fria (EUA x URSS) passou a ser sinônimo de algo diabólico, necessariamente ditatorial; muitas vezes empregado equivocadamente e de forma anacrônica (aplicada em tempos errados Ex: Dizer que Jesus era socialista antes de Marx ter conceituado o socialismo).
Sei que existe um grande preconceito contra a socialização, no seu sentido mais simplório de dividir com o outro; liberais de plantão dizem que isso vai contra a ordem de méritos e conquistas criados dentro do sistema capitalista, que diz dar oportunidades iguais para todos (não é preciso pensar mt para ver a falha lógica desse sistema). Assim, essa distribuição (em tal perspectiva) ao invés de repartir a riqueza, estará repartindo a pobreza.
Em tese, podemos dizer que sim, parece indiscutível tal analise. Porém, assim como Cuba vem fazendo ao longo dos anos de revolução, a Venezuela também fez. Segundo dados, nos anos em que Hugo Chavez esteve no poder (10 anos ao todo) a pobreza diminuiu, os índices de relacionados a saúde pública e educação se elevaram, apesar de todo um discurso midiático de contra; isso tudo feito com o dinheiro conseguido pelo empresa estatal petrolífera, que antes era controlada por multinacionais americanas (ou seja, o dinheiro ia todo para os EUA). As reformas constitucionais propostas por Chavez foram submetidos a plebiscitos e as decisões respeitadas; enquanto no Brasil, os únicos plebiscitos que me lembro foi sobre o porte de armas e se o Brasil deveria permanecer como uma República ou virar uma Monarquia (esse último em 1991).
Os números publicados por agências não governamentais, unicef e ONU, apontaram números surpreendentes em Cuba; a miséria e analfabetismo foram erradicados, a taxa de mortalidade infantil caiu drasticamente e morte por inanição também; isso tudo em uma nação sem capital para grandes investimentos.
A Bolívia, na recente mudança constitucional proposta por Evo Morales, dá mais liberdade aos homossexuais, reconhece a crença indígena como uma religião (antes entendida apenas como uma peculiaridade cultural), dá mais direitos aos descendentes de indígenas, propõe a reforma agrária, limitando as terra à 5.000 hectares e mesmo assim, atendendo pedidos da oposição (que iniciou uma série de revoltas nos distritos ricos, resultando em mortes) não irá retirar terras de quem já possue mais que o determinado na constituição (a maioria dos opositores de Evo são imigrantes da Ex-Iugoslávia e donos de grandes empresas e terras).
Agora, toda vez que trato desse assunto com conhecidos, um termo se repete "Ditador". Mas, toda vez que questiono o ato ditatorial desses líderes políticos, ouço apenas murmuros ou clichês repetidos exaustivamente pela mídia. "É ditador porque quer ficar no poder pra sempre!". Mais um erro clássico, acreditar que a alternancia de poder é democracia. Qual o problema de se candidatar para as eleições ano após ano? O poder permanece na mão do povo, ele tem o voto, ele decide se quer ou não. Acho um crime é a alternancia de poder num país como o Brasil, aonde programas que estão dando certo são criticados pela aposição, e quando estes estão no poder, eles os cancelam por puro jogo político; ou então um sociólogo renomado se mostrar um completo incapaz no governo e um governante capaz, reconhecido internacionalmente, ser ignorado pela elite brasileira por ser um simples operário sindicalista (não sou ptista e tenho sérias críticas ao Lula que não cabem aqui mencinar).
Para finalizar, pergunte-se: O que um governo deve priorizar?
Financeiro ou o social?
Não acredito que nenhum dos modelos propostos na nova América Latina sejam perfeitos, todos tem erros, que acabam excluindo uma camada em prol de outra. Mas sempre deve-se por na balança erros e acertos.
Quando trato desse tema, América Latina, vários nomes me passam pela minha mente, nomes que hoje não encontraremos em lápides, mas sim nas memoriais, músicas, livros e na voz daqueles que querem algo melhor. Por isso, termino recomendando Meu Sangue Latino, música do Secos e Molhados e com a seguinte frase:
"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar". Eduardo Galeano
Abraços.
Aqui estou, dois dias após a comemoração dos 10 anos de Hugo Chavez à frente da Venezuela, para comentar um pouco sobre essa nova "organização política" que está se estabelecendo na América.
Não tenho dúvidas de que a "Obamania", ou seja lá como chamam, foi exagerada. Muitos comemoram as iniciativas tomadas por ele nesse início de ano, como a fechamento de Guantanamo e o fim da tortura nos presídios, que não foi mais do que corrigir o que o Bush não teve coragem de fazer. A igualdade salarial eu acredito que tenha sido a questão mais delicada, não por estar dizendo que negros, chicanos e mulheres com a mesma escolaridade devem receber o mesmo que um homem nascido lá, mas sim, porque Cuba já adota isso há anos (desde o início da revolução, déc. 50) e somente agora um governo foi capaz de admitir e adotar medidas socialistas (por sinal, medida que sempre foi criticada por liberais). Também dizem ser uma revolução um negro estar no poder da maior nação do mundo; mas é está sendo mais importante para o Quênia ter um representante internacional, do que para o problema da segregação nos EUA. Afinal, o Obama nada mais é do que um negro rico, que se formou em universidades caras. Ainda assim, ele não apresentou nenhuma inovação, nada que rompa com a classica política americana. Mas talvez eu esteja sendo injusto, talvez ele esteja apenas querendo amenizar a crise para começar as grandes mudanças, mas ainda é cedo para dizer.
Porém (aproveitando o tema), toda essa crise colocou em evidência, de forma muito clara para mim, para quem o Estado trabalha. Não é para o povo, como deveria ser em uma democracia, mas para as corporações, aquelas que trazem dinheiro.
Veja bem, lá existem, segundo estimativas, 37 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza, ou seja, menos que $1 por dia. Ainda assim, o governo é capaz de gastar 700 bilhões de dólares (mais um outro pacote que está para ser aprovado) para salvar as grandes corporações, para que ninguém pare de consumir. 700 bilhões, se fosse repartido para cara uma dessas pessoas que miseráveis (-1 dólar/dia), elas ganhariam em torno de $18.918,00.
Você se pergunta agora: Aonde esse retardado quer chegar com isso? Quero apenas expôr um fato, o principal dentro da construção de um Estado, para quem ele serve.
Gosto de diariamente olhar as manchetes dos sites de notícia, um pouco de cada, para acompanhar as várias visões. E é notável as diferenças existentes entre a mesma notícia em cada site. Recentimente, o nome mais falado é Hugo Chavez ou Chavismo.
Hugo Chavez vem assumindo o papel de principal representante do socialismo dentro da América Latina, ao lado de Evo Morales; após o afastamento de Fidel, muitos críticos acreditam que o socialismo em Cuba esteja com os dias contados. Longe de entrar nos méritos da discussão marxista sobre o socialismo e comunismo, é importante analisarmos as políticas adotadas pelos países ditos socialistas. Esse termo, após a guerra fria (EUA x URSS) passou a ser sinônimo de algo diabólico, necessariamente ditatorial; muitas vezes empregado equivocadamente e de forma anacrônica (aplicada em tempos errados Ex: Dizer que Jesus era socialista antes de Marx ter conceituado o socialismo).
Sei que existe um grande preconceito contra a socialização, no seu sentido mais simplório de dividir com o outro; liberais de plantão dizem que isso vai contra a ordem de méritos e conquistas criados dentro do sistema capitalista, que diz dar oportunidades iguais para todos (não é preciso pensar mt para ver a falha lógica desse sistema). Assim, essa distribuição (em tal perspectiva) ao invés de repartir a riqueza, estará repartindo a pobreza.
Em tese, podemos dizer que sim, parece indiscutível tal analise. Porém, assim como Cuba vem fazendo ao longo dos anos de revolução, a Venezuela também fez. Segundo dados, nos anos em que Hugo Chavez esteve no poder (10 anos ao todo) a pobreza diminuiu, os índices de relacionados a saúde pública e educação se elevaram, apesar de todo um discurso midiático de contra; isso tudo feito com o dinheiro conseguido pelo empresa estatal petrolífera, que antes era controlada por multinacionais americanas (ou seja, o dinheiro ia todo para os EUA). As reformas constitucionais propostas por Chavez foram submetidos a plebiscitos e as decisões respeitadas; enquanto no Brasil, os únicos plebiscitos que me lembro foi sobre o porte de armas e se o Brasil deveria permanecer como uma República ou virar uma Monarquia (esse último em 1991).
Os números publicados por agências não governamentais, unicef e ONU, apontaram números surpreendentes em Cuba; a miséria e analfabetismo foram erradicados, a taxa de mortalidade infantil caiu drasticamente e morte por inanição também; isso tudo em uma nação sem capital para grandes investimentos.
A Bolívia, na recente mudança constitucional proposta por Evo Morales, dá mais liberdade aos homossexuais, reconhece a crença indígena como uma religião (antes entendida apenas como uma peculiaridade cultural), dá mais direitos aos descendentes de indígenas, propõe a reforma agrária, limitando as terra à 5.000 hectares e mesmo assim, atendendo pedidos da oposição (que iniciou uma série de revoltas nos distritos ricos, resultando em mortes) não irá retirar terras de quem já possue mais que o determinado na constituição (a maioria dos opositores de Evo são imigrantes da Ex-Iugoslávia e donos de grandes empresas e terras).
Agora, toda vez que trato desse assunto com conhecidos, um termo se repete "Ditador". Mas, toda vez que questiono o ato ditatorial desses líderes políticos, ouço apenas murmuros ou clichês repetidos exaustivamente pela mídia. "É ditador porque quer ficar no poder pra sempre!". Mais um erro clássico, acreditar que a alternancia de poder é democracia. Qual o problema de se candidatar para as eleições ano após ano? O poder permanece na mão do povo, ele tem o voto, ele decide se quer ou não. Acho um crime é a alternancia de poder num país como o Brasil, aonde programas que estão dando certo são criticados pela aposição, e quando estes estão no poder, eles os cancelam por puro jogo político; ou então um sociólogo renomado se mostrar um completo incapaz no governo e um governante capaz, reconhecido internacionalmente, ser ignorado pela elite brasileira por ser um simples operário sindicalista (não sou ptista e tenho sérias críticas ao Lula que não cabem aqui mencinar).
Para finalizar, pergunte-se: O que um governo deve priorizar?
Financeiro ou o social?
Não acredito que nenhum dos modelos propostos na nova América Latina sejam perfeitos, todos tem erros, que acabam excluindo uma camada em prol de outra. Mas sempre deve-se por na balança erros e acertos.
Quando trato desse tema, América Latina, vários nomes me passam pela minha mente, nomes que hoje não encontraremos em lápides, mas sim nas memoriais, músicas, livros e na voz daqueles que querem algo melhor. Por isso, termino recomendando Meu Sangue Latino, música do Secos e Molhados e com a seguinte frase:
"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar". Eduardo Galeano
Abraços.
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