sexta-feira, 7 de novembro de 2008

E a democracia representativa?

Acredito que todos (inclusive eu) estamos saturados com as informações lançadas pela mídia sobre as eleições americanas. Diga-se de passagem que a estrutura montada pelos grandes canais "nacionais" para essas eleições chega a ser superior ao que foi montado nas nossas ultimas eleições presidenciais.
Enfim, não pretendo desmerecer aqui a influência dessa eleição no nosso cotidiano, afinal, todos dependemos dos EUA direta ou indiretamente. Porém, muito me comove a superficialidade com que é passada essas informações.
Sabemos que os EUA, assim como nós, vivem em uma democracia representativa. Muitos são os conceitos e interpretações do termo democracia, mas vamos partir do pressuposto básico de em uma democracia o povo governa (demos = povo / kracia = Governo), e esse "governo popular" é feito através do voto e do posterior acompanhamento do andar da carruagem. (sim, protestos são formas de cobrar melhorias!)
Esse sistema de votação dos estadunidense, que pareceu TÃO complicado na tv, funciona basicamente assim: O povo vota nos delegados, e esses delegados escolherão o presidente, seguindo ou não o voto popular.
É interessante pensar quem são esses delegados e que interesses eles tem com a eleição, pois, uma vez que a eleição não é obrigatória, só votará quem realmente tem algum interesse por trás (nobre ou não).
Nunca é demais lembrar que na eleição em que o Bush foi reeleito (se não me engano) houve um boicote dos delegados, alguns deles, que eram (teoricamente) para votar no opositor, acabaram por votar no Bush.

Muitos dos simpatizantes com o neo-liberalismo, veem no sistema político e ecônomico americano o modelo mais avançado, e o Estado mais bem estruturado e democrático existente.
Mas compreendendo o jogo de interesses (capitalistas) e as brechas existentes no sistema eleitoral, que deveria ser a prova máxima da democracia, cabe agora pensar: Isso realmente é uma democracia? É o povo mesmo que está votando?

Grandes corporações, a mídia, a elite americana, vê nas eleições seu momento, seu ato máximo de exploração. Enquanto o povo está apavorado com a crise, com o espectro que ronda a América, os grandes jornais e grandes empresas, anunciam para os quatro ventos quem é seu pupilo, seu futuro, como a única verdade.

Tão grande é esse poder de manipulação e a influência capitalista no meio democrático americano, que partidos menos expressivos, não possuem nem se quer seu nome nas cédulas para votação. Ao todo são 11 candidatos para a presidência, porém, esses partidos não conseguem o mínimo de apoio dentro dos estados (acho que 5%), assim, não tem o direito de pôr seu nome na cédula. Como lá, os canais não são obrigados a disponibilizar um horário para propaganda partidária, e quem quiser, tem que pagar, esses partidos perdem qualquer chance de expressão política.

Me assombra a idéia de uma política assim, vendida, elitizada. Uma democracia que esta mais para uma aristocracia.

Ela não passa de um avanço capital às custas de um atraso social.

Um comentário:

Ana Laís Schauffert disse...

Poxa, meu texto não é nada perto do seu.. hhaahah...
Ótimo mesmo, e claro, o assunto clama por discussão.
Concordo contigo, não dá para entender as eleições nos EUA, muito menos concordar com sua denominação: democracia.
Abraços...